Artigos/Novidades

enviar a um(a) amigo(a)!

 

 

 

Jardim

AnteriorProxima
Jardim Botanico Porto


Lcia Pereira
O Jardim Botnico da Universidade do Porto est a ser alvo de uma interveno de fundo, orada em 550 mil euros. Em Maio, este ex-libris da cidade reabre ao pblico, que poder desfrutar plenamente do seu potencial, como jardim botnico (universitrio), pblico (lazer), histrico (mantm caractersticas do jardim privado do sculo XIX) e literrio (associado aos escritores Ruben A. e Sophia de Mello Breyner Andresen).
O jardim encerrou no Vero passado para obras, aps dcadas sem qualquer interveno de fundo. A chuva que caiu em fora durante quatro meses atrasou a concluso da empreitada, que inicialmente estava prevista para Dezembro.
Actualmente, esto j em fase final as empreitadas de substituio das redes de rega, drenagem, electricidade e de construo de pavimentos. Foram tambm substitudos ou recuperados bancos e prgulas. As rvores mortas e em risco de cair foram retiradas, tornando o jardim mais seguro e transparente, pois o arboredo era j muito denso.
Agora necessrio ornamentar o jardim com plantas. A obra pesada, que no brilha, mas fundamental para o jardim funcionar, j est feita, sublinha a coordenadora do projecto de recuperao do jardim, Teresa Andresen, referindo que tambm compete aos privados interessarem-se pelo jardim e comparticiparem a aquisio das plantas necessrias para a sua concluso. O Estado j investiu muito dinheiro e a Universidade do Porto tambm. Julgo que os privados tambm podem ajudar, acrescenta a arquitecta paisagista e professora da Faculdade de Cincias da Universidade do Porto.
Teresa Andresen mostrou ao JANEIRO como vai ficar o jardim depois de concluda a interveno. Na parte Norte, em frente casa, mantm-se os jardins envolventes, onde se destaca a figura de Gonalo Sampaio (um dos grandes nomes da botnica portuguesa), perpetuado numa escultura de Abel Salazar envolta em granito proveniente da Pvoa do Lanhoso (terra Natal do botnico). No lado direito da entrada principal da casa destaca-se a figura do romancista e ensasta Ruben A. (Ruben Andresen Leito).
medida que se avana no terreno contornando a casa surgem os Jardins de Sophia. Nestes espaos possvel reviver o universo ficcional de Sophia, que se inspirou nos jardins para escrever histrias infantis para os filhos. O Rapaz de Bronze nunca foi rapaz, na realidade uma senhora, mas temos de lhe chamar assim, explicou Teresa Andresen, salientando que esta obra de leitura obrigatria e o facto de as crianas lerem a histria neste stio motiva para a leitura. Alis, as crianas ficam encantadas quando visitam o jardim e identificam os cenrios das histrias. Alm do Rapaz de Bronze, tambm possvel entrar no universo do Jardim dos Anes do conto A Floresta. O carvalho centenrio onde vivia a personagem Ano Velho teve de ser derrubado, mas o toco foi mantido. um lugar para crianas, que incentiva leitura, cincia, biologia. Tem uma potencialidade fantstica, sublinhou Teresa Andresen, referindo que o projecto de ficcionao da autoria dos arquitectos Paulo Farinha Marques e Ana Catarina Antunes.
Nas traseiras da casa destacam-se ainda o Jardim das Plantas Aquticas (construdo onde outrora estava o campo de tnis da casa da Quinta do Campo Alegre), a adega (que serve de depsito de gua e um dos edifcios mais antigos da Universidade do Porto), o Jardim das Plantas Anuais (que era a horta), o Roseiral e o Jardim dos Jotas (de Joo e Joana Andresen). Estes espaos esto separados por meio quilmetro de Camlias talhadas em sebes. nico, mais ningum tem, podia entrar para o Guiness, salienta Teresa Andresen. A arquitecta paisagista salientou ainda que nestes jardins se encontram os cenrios da obra de Sophia, por exemplo a glicnia, que envolve o camarancho do Jardim dos Jotas.
Nas traseiras da casa destaca-se tambm a esttua de Amrico Pires de Lima (botnico), a quem muito se deve o facto de a Universidade de Porto possuir este Jardim Botnico. Seguindo os novos caminhos pedonais (da responsabilidade do arquitecto paisagista Manuel Ferreira), chega-se do Jardim das Suculentas e ao Arboredo (constitudo por faias, carvalhos, magnlias e outras espcies). Quando o Jardim Botnico reabrir, recomear o programa de educao ambiental e de promoo do espao, que obteve a comparticipao governamental de 65 mil euros.

Histria
O actual Jardim Botnico do Porto teve como principal impulsionador Amrico Pires de Lima. Quando, em 1937, foi anunciada a venda da Quinta do Campo Alegre, o ento director do Instituto de Botnica foi um grande defensor da sua compra para a instalar um jardim botnico. Em 1952, ano em que este desejo se concretizou, contratou o arquitecto paisagista Karl Franz Koepp para elaborar o plano de conservao e adaptao dos jardins existentes. O Jardim dos Jotas foi adaptado para receber a coleco de bolbos e o Roseiral (coleco de rosas) foi preservado.
Os canteiros frontais e laterais casa onde j existia uma significativa coleco de rvores e arbustos ornamentais foram conservados. Koepp foi tambm o responsvel pela criao de novos jardins para implementar o programa do novo Jardim Botnico. O jardim das suculentas, o jardim das anuais, o arboretum e o jardim das plantas aquticas foram implementados ao mesmo tempo que as estufas e os viveiros. As histrias de Sophia Mello Breyner Andresen foram escritas sensivelmente na mesma altura em que o jardim foi reformulado por Koepp, que no perturbou o jardim privado. Teresa Andresen nota a coincidncia do trabalho de preservao do arquitecto ter ocorrido ao mesmo tempo que a escritora gravava as suas memrias.
O arquitecto alemo rescindiu o contrato em 1968 e, pouco depois, j sob a coordenao do arquitecto Dantas Barreto, constru-se o lago grande e alteraram-se os caminhos do arboreto.
Inicialmente, o Jardim Botnico tinha uma rea de 12 hectares, mas a construo dos acessos Ponte da Arrbida e das instalaes do Centro Desportivo da Universidade do Porto reduziram a rea para quatro hectares. Para compensar este dano, foi adstrita ao Jardim Botnico a Quinta dos Burmester.
Com esta propriedade vizinha, o Instituto de Botnica Dr. Gonalo Sampaio da Faculdade de Cincias da Universidade do Porto possui uma rea total de 5,8 hectares.

----------------------------

Origens
A antiga quinta que deu lugar ao Jardim Botnico do Porto teve vrios proprietrios. No sculo XVIII era propriedade da Ordem de Cristo e aparece referida como a Quinta Grande. Na sequncia da extino das ordens religiosas, a quinta foi adquirida pelo francs Joo Salabert, em 1802, e posteriormente vendida a Joo Jos Costa. Em 1875, foi comprada por Joo da Silva Monteiro, que iniciou a construo da casa da Quinta do Campo Alegre, definiu a estrutura do jardim e construiu estufas.
Antes de ser adquirida pelo Estado, em 1949, a Quinta do Campo Alegre pertencia, desde 1895, a Joo Henrique Andresen, que alterou a casa e o jardim, atravs da consolidao do roseiral e do Jardim dos Jotas, construiu um o campo de tnis, renovou o bosque e adquiriu novas plantas que contriburam para enriquecer a coleco j existente.
Em 1951, a quinta passou a denominar-se, por decreto, Jardim Botnico do Porto. Em 1983, o Jardim Botnico fechou as portas ao pblico na sequncia de uma acentuada degradao que se registava desde 1974. Em 1986, o Jardim Botnico aderiu ao Programa de Recuperao de Jardins Histricos, mas a proposta de recuperao ento elaborada no foi implementada. Em 2001, a Reitoria da Universidade do Porto nomeou uma comisso para a recuperao do Jardim Botnico e, atravs de um protocolo com a Cmara Municipal do Porto, iniciou-se o programa de manuteno para conter a degradao e permitir a reabertura do jardim ao pblico, que veio a concretizar-se ainda em 2001, aps 18 anos de encerramento. Desde 2002, tem vindo a realizar-se um trabalho de avaliao do jardim (anlise de documentos histricos e levantamento exaustivo da vegetao e das estruturas construdas). Este trabalho deu origem ao projecto de recuperao actualmente em curso.

--------------------------------

Barreiras acsticas
A requalificao do Jardim Botnico da Universidade do Porto foi financiada com fundos comunitrios atravs da Operao Norte, na sequncia de uma candidatura aprovada pela Comisso de Coordenao e Desenvolvimento da Regio Norte. No entanto, h ainda muito por fazer para conferir ao Jardim Botnico a dignidade que merece. As estufas onde se cultivam as plantas tropicais, subtropicais, orqudeas e suculentas tambm tero de ser recuperadas. Urge igualmente a colocao de barreiras acsticas (oradas em cerca de 250 mil euros), pois os rudos provenientes da VCI, dos acessos Ponte da Arrbida e da Rua do Campo Alegre impedem a fruio completa do jardim, no permitindo a quem l est dentro abstrair-se completamente do resto da cidade onde o reina o trnsito catico.


ActividadeJardim botanico
Classificacao
Acesso
DistritoPorto
ConcelhoPorto
LocalMassarelos
Area
Gpsn41.9.11w8.38.34
Site
Email
Telefone
Direcao

Mapa


Ver mapa maior
 

English