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Jardim

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Casa do Campo


A Casa do Campo privilegiada pelo usufruto vivencial, clebre pelos seus jardins e pela sua exemplaridade do seu conjunto monumental. um smbolo de poder proveniente de largos laos com a tradio e concepo de arranjo do espao, onde se torna quase imperceptvel a distino entre a Casa do Campo inerte e a vegetal. A Casa do Campo apresenta-se assim, como uma entidade global, unificada. Ela forma um espao conciso onde as moradas do Criador, do senhor e do campons no se encontram lado a lado, nem individualizadas em Divino e terreno, mas sim intimamente ligadas. Este museu da escultura vegetal, mesmo que protegido de olhares no passa despercebido a nenhum apreciador das belezas da arte e da natureza, transmitindo o mistrio e encanto de um tempo que no o nosso mas que perdura e se faz notar.



Situada em Celorico de Basto, j em 1258 a Casa do Campo, provavelmente, fazia parte de um conjunto de 29 casais, 17 deles resultantes do fraccionamento de uma ou duas vilas agrrias da poca romana, institudas em princpio no sculo XII na parquia de St Andr.

O primeiro proprietrio conhecido, deste casal do Campo, chamava-se Ferno Pinto e ter nascido no sculo XV. Dizem os arquivos que em 1572 a Coroa concede o Casal do Campo contra pagamento do foro a Ferno Pinto, neto do primeiro proprietrio. Posteriormente sucedem-se as geraes, Gaspar Pinto e Domingas Moreira, depois sua filha D. Catarina Pinto, casa em 1641 com Francisco lvares de Carvalho, cujo neto, com o mesmo nome do pai, Torcato lvares de Carvalho, faz fortuna no Brasil. Este casado com D. Maria Andrade Leite de Passos em 1734, data inscrita no porto da casa, e da pensar-se ter sido ele a dar novo brilho casa. a estes proprietrios a que se deve a construo da capela, com porta aberta para o caminho pblico e a feitura do jardim localizado num patamar ao nvel do segundo piso da casa. Sucede-lhe o filho Antnio Lus Andrade e Carvalho que casa com D. Isabel Bernarda de Meireles Leite Pereira . Deste casal nascem nove filhos, sendo o sucessor entre eles Francisco Meireles Sequeira Leite Pereira, que contraiu matrimnio com D. Francisca Rangel Quadros (1800-1874). Por fim os seus descendentes: Antnio Maria de Meireles Teixeira Coelho (1844-1915), depois Francisco Xavier de Meireles Teixeira Coelho (1893-1959) e finalmente Francisco Meireles (1924-1966), cuja viva a actual proprietria, que aps a casa ter sido restaurada abriu-a ao pblico no mbito do Turismo de Habitao.
A Casa do Campo tpica de uma arquitectura de nobreza nortenha, onde a torre de granito, o elemento a partir de onde, pouco a pouco se acrescenta o corpo residencial. A opo do granito como material de excelncia tanto na Casa como no jardim, limita a possibilidade de grandes detalhes de alvenaria ou de mrmore, assim como a utilizao do azulejo, no se faz notar, ao contrrio dos jardins do Sul e Centro do pas, que se notabilizaram, com estas aplicaes. O jardim do Norte em contrapartida, desenvolve a tendncia para a monumentalidade, volumetria e topiria, tanto no talhe do buxo como no talhe das Japoneiras. A topiria, surge com a introduo das Camlias ou Japoneiras, nome dado pelo facto destas terem sido trazidas do Japo directamente para o Porto, ainda nos finais do sculo XVI, tendo estas uma adaptao de sucesso no clima . O grande desenvolvimento da topiria originria deste perodo, leva ao aparecimento do barroco no sculo XVIII. Alm do desenvolvimento da arte topiria, os jardins do Norte crescem tambm muito ligados arte religiosa. Ainda uma caracterstica forte dos jardins nortenhos, muito relacionados com a topografia da regio, prende-se com a sua insero espacial do lugar, sendo o terraciamento bastante frequente, assim como a abertura para o exterior que expande os seus eixos visuais para a paisagem em redor. Dos poucos jardins no Norte do sculo XVII, a Casa do Campo emana uma sobriedade notria, e uma viso formalista da arte.



Supem-se que o jardim ter sido criado a partir de meados do sculo XVII pelo reconstrutor da casa Torcato lvares de Carvalho (filho), isto porque a Camlia cor-de-rosa, situada no lado Nordeste do jardim, tem perto de 250 anos, podendo contar-se entre as mais antigas em Portugal. Dataram tambm da fundao, os alegretes que rematam o muro de suporte do jardim.

Os jardins da casa so transformados e aumentados no sculo XIX, sob o impulso do activo proprietrio da poca, Antnio Maria Meireles (1800-1874). por esta altura, que em Basto se encontra uma nova forma de podar rvores, criando verdadeiras esculturas verdes.

Neste jardim formal, traado em obedincia a uma tradio renascentista, corre uma balaustrada de granito num desenho maneirista simples, caracterstico dos finais do sculo XVII, que confere a todo o ambiente um carcter robusto e sbrio. Mas o que aqui adquire lugar preponderante, so as esculturas verdes, as casas de fresco, onde se recortam pequenas janelas que deixam adivinhar o exterior, e o buxo que se limita a definir os canteiros e arruamentos do jardim. Aqui a escultura verde no anima a superfcie do jardim, mas domina-o completamente. um espao autnomo casa, em sintonia com a paisagem, onde o talhado das Japoneiras privilegia o aspecto monumental da topiria em detrimento de formas metdicas. O jardim est assente numa plataforma rectangular dividida por um eixo central e outras transversais, onde ao centro se encontra um lago de granito. A sobre elevao do jardim em relao ao caminho de acesso casa, deve-se a questes de comodidade e privacidade, pois em baixo era onde se comercializavam os produtos da quinta e se vivia a azafama do trabalho dirio, motivos esses, reforados pela existncia de uma pequena ponte, construda aquando da casa nova, o mais recente acrescento do conjunto edificado, que liga directamente o jardim s salas do primeiro andar.



No seria este jardim um gnero de laboratrio, um repertrio de formas e um hino ao louvor, nobreza da natureza s aparentemente dominada? Ser possvel algum ficar indiferente s enormes esculturas cilndricas de Japoneiras que ladeiam a entrada do jardim? E como no ficar cativado pelo fascnio transpirado pelos caramanches piramidais, onde os jogos de sombra luz e cor? Com toda esta exuberncia da escultura e da arquitectura vegetal disposta nos canteiros, nos espaos vazios de estruturas, mas repletos de essncia, que respiramos e frumos uma atmosfera mais fresca e perfumada que nos apura os sentidos e nos faz perceber que o jardim especial!



Ana Sofia Barrias


ActividadeTurismo habitacao
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ConcelhoCelorico
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